Variáveis

Luiz Henrique Santana
5 min readApr 8, 2024

Objetivos Didáticos

a. Compreender os diferentes tipos de variáveis utilizados na pesquisa científica, bem como sua importância no processo de coleta e análise de dados.

b. Compreender os conceitos de variáveis independentes, dependentes e de controle, os leitores serão capazes de projetar estudos de pesquisa mais eficazes, avaliar a validade de pesquisas existentes e interpretar resultados de estudos com mais precisão.

Conhecimentos prévios desejáveis

a. Para ler este texto, espera-se que os leitores tenham uma compreensão básica de estatística e métodos de pesquisa, incluindo a compreensão dos diferentes tipos de amostragem e métodos de coleta de dados.

b. Ter uma compreensão do processo de revisão por pares e a importância da validação científica.

As variáveis são definidas como grandezas capazes de assumir uma gama diversificada de valores. São essenciais para a pesquisa científica, pois permitem que os pesquisadores controlem, observem e/ou dimensionem os inúmeros fatores que podem influenciar os resultados de um experimento ou quase-experimental. No cotidiano lidamos com variáveis em situações diversas. A temperatura do ar, por exemplo, pode variar ao longo do dia, dependendo das condições climáticas e das estações do ano. Um pesquisador pode usar a temperatura do ar como variável em um experimento para estudar o efeito do clima na saúde das plantas. Em condições de laboratório, o cálculo de dosagem recomendada para o uso de um medicamento também pode ser considerado uma variável. A dosagem de um medicamento pode variar dependendo da idade, peso e condição médica do paciente. Um pesquisador pode usar a dosagem de um medicamento como variável em um experimento para estudar a eficácia do medicamento no tratamento de uma determinada doença.

As variáveis são ferramentas importantes para os cientistas. A partir delas, os pesquisadores podem controlar os diferentes fatores que capazes de influenciar os resultados de um experimento e, assim, obter teorias e explicações mais precisas. O uso de variáveis na pesquisa científica é uma das principais razões pelas quais a ciência é tão confiável. As variáveis permitem que os cientistas minimizem o erro e otimizem a precisão de seus resultados. As variáveis são elementos fundamentais em qualquer estudo científico, pois são elas que permitem que o pesquisador analise as relações entre diferentes fenômenos e a simplicidade das medidas também favorece a comunicação entre os cientistas, favorecendo descobertas e traduzindo achados de forma clara, concisa e replicável (isto é, “re-testável”).

A classificação das variáveis desempenha um papel crucial na condução de estudos científicos robustos. É comum dividir as variáveis entre três categorias principais: variáveis independentes, dependentes e de controle. A variável independente é aquela que o pesquisador manipula ou controla deliberadamente, buscando avaliar seu impacto sobre a variável dependente (quando em delineamentos que permitem o estudo de relações de causa e efeito ou, no mínimo, de correlação). Para ilustrar, consideremos um estudo sobre os efeitos de uma nova medicação na pressão arterial; nesse caso, a variável independente (V.I.) seria o tipo de medicação apresentada, podendo ser a medicação nova ou outros tipos de medicação consolidadas no mercado ou de uso corrente na prática clínica. Cada medicação representa um nível, tipo ou parâmetro da V.I.

A variável dependente, por sua vez, é aquela que é observada. Em trabalhos experimentais, ela responde às alterações provocadas pela variável independente. Continuando o exemplo anterior, a pressão arterial é a variável dependente, uma vez que suas variações estão sujeitas à influência da medicação administrada. O teste das relações entre as variáveis independentes e dependentes normalmente visa identificar relações de contingência, ou seja, relações de probabilidade entre essas classes de eventos, ou indiretamente identificar causa e efeito.

Para assegurar a confiabilidade dos resultados, é fundamental lidar adequadamente com as variáveis de controle. Essas variáveis são mantidas constantes durante o estudo, evitando que interfiram nos resultados desejados. Por exemplo, em um estudo que avalie a eficácia de uma nova terapia para uma determinada doença, as variáveis de controle podem englobar características como a idade dos participantes, o gênero, histórico médico e outras condições de saúde relevantes.

A fim de ilustrar a aplicação prática desses conceitos na pesquisa, vamos explorar alguns exemplos:

Efeito da Dieta na Saúde Mental: Neste estudo, os pesquisadores manipulam a dieta dos participantes e medem o impacto na saúde mental. A dieta é a variável independente, enquanto a saúde mental é a variável dependente. As variáveis de controle incluiriam idade, gênero e histórico médico dos participantes.

Efeito de um Novo Medicamento no Tratamento do Câncer: Nesse caso, os pesquisadores administram o novo medicamento a um grupo de pacientes e um placebo a outro grupo. O medicamento é a variável independente, a sobrevivência dos pacientes é a variável dependente e as variáveis de controle abrangem idade, gênero, tipo e estágio do câncer.

Efeito de um Novo Tratamento para a Depressão: Neste estudo, o tratamento novo é administrado a um grupo de pacientes, enquanto um tratamento padrão é dado a outro grupo. O tratamento é a variável independente, o nível de depressão é a variável dependente e as variáveis de controle englobam idade, gênero e histórico médico dos pacientes.

Esses exemplos evidenciam a importância das variáveis na pesquisa científica. Elas permitem que os cientistas controlem fatores que podem influenciar os resultados dos experimentos, contribuindo para a obtenção de resultados mais precisos e confiáveis. Ao compreender o papel essencial das variáveis, os pesquisadores fortalecem suas bases para a construção do conhecimento científico de forma sólida e consistente.

Após definir as variáveis relevantes para a pesquisa, é necessário coletar e analisar os dados. A coleta de dados pode ser feita por meio de diferentes métodos, como questionários, entrevistas, observação direta e experimentação. É importante que a coleta de dados seja feita de forma cuidadosa e precisa, para que os resultados da pesquisa sejam confiáveis. Já a análise de dados envolve a aplicação de técnicas estatísticas para identificar padrões e relações entre as variáveis. Essas técnicas podem incluir análise descritiva, inferencial e multivariada. A análise estatística é essencial para a interpretação dos dados e para a validade dos resultados.

As variáveis são elementos fundamentais em qualquer pesquisa científica, e é importante entender os diferentes tipos de variáveis e como eles são usados. Além disso, é essencial que a coleta e análise de dados sejam feitas com precisão e cuidado para que os resultados da pesquisa sejam confiáveis. A compreensão desses princípios é essencial para a produção de conhecimento científico sólido e confiável.

Sessão Especial 3,2,1…

Filmes

“O Jogo da Imitação” (2014), dirigido por Morten Tyldum

“A Rede Social” (2010), dirigido por David Fincher

“O Homem que Mudou o Jogo” (2011), dirigido por Bennett Miller

Livros

Vargas, C. J. G., & Bizelli, J. L. (2016). Introdução à pesquisa em ciências sociais: Quantitativa e qualitativa. Atlas.

Bussab, W. O., & Morettin, P. A. (2020). Estatística básica. Saraiva Educação.

Artigo

VanderWeele, T. J., & Vansteelandt, S. (2014). A unification of mediation and interaction: a 4-way decomposition. Epidemiology, 25(5), 749–761.

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Luiz Henrique Santana

Neuropsicólogo e Neurocientista. Divulgador Científico. Poeta de quinta. Bailarino de terceira. Tentando ser um pai de primeira.